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O aborto é pecado? Entenda as consequências espirituais do aborto

“Eu tinha 8 anos. Cheguei em casa da escola e encontrei minha mãe deitada em uma poça de sangue. Ela estava fraca e me pediu para chamar um vizinho. Ela estava tendo um aborto espontâneo, mas o embrião não abortaria. Por 48 horas, ela sangrou enquanto os médicos faziam transfusão de sangue, esperando. Abortos eram ilegais. Meu pai foi obrigado a trazer minha irmãzinha e eu à sala de reuniões do hospital para provar à diretoria que havia crianças a serem consideradas. Eu nunca vou me esquecer de estar ali, vendo meu pai se ajoelhar e implorar para que a diretoria salvasse a minha mãe. O embrião não era viável, e ainda assim, estava matando a minha mãe. Fiquei naquela sala de reuniões por horas, ouvindo um grupo de velhos discutir sobre salvar uma mulher ao remover um embrião. Eunão entendia o que eles estavam dizendo, exceto que minha mãe ia morrer se eles votassem contra o aborto. Meu pai estava chorando. este homem forte, com quem eu sempre me senti tão segura, estava chorando porque ele era impotente para salvar minha mãe. Se você não acha que isso afeta uma criança, você está TÃO ERRADO que eu nunca esqueci aquela cena. Eu tinha tantas perguntas, e ninguém para explicar. 72 horas após o início, o conselho votou para abortar o embrião e salvar a minha mãe. 72 horas sem dormir para o meu pai. 72 horas sem saber se minha mãe viveria. Há 2 anos, minha filha teve uma gravidez ectópica. O embrião estava ligado a uma artéria e se estourasse, ela sangraria até a morte antes que pudesse chegar a uma ambulância. Por causa da lei pró-aborto, sua vida foi salva. Ela não teve 72 horas para os médicos "decidirem" se sua vida valia a pena. Tenho 5 netas. Estremeço ao pensar que, se uma delas tiver uma gravidez que ponha em risco suas vidas, elas não poderão ser salvas.” Diana Miller

Diana Miller, durante seu relato chocante, nos conta como quase perdeu a sua mãe por conta das crenças religiosas de médicos cristãos que demoraram horas decidindo se valeria a pena salvar a vida de uma mulher ou não.

Mas nem todos pensam que a decisão de salvar a mãe e performar o aborto de emergência era a mais óbvia e moral.

“Parteira aqui. Teve um cliente quase sangrando abortando no hospital católico enquanto eles precisavam de DOIS ultra-sons para ter certeza de que o feto (10 semanas de gravidez, 8 semanas após a fertilização) não era viável. Ela estava dilatada e passando coágulos do tamanho da minha palma. HORRÍVEL.”, disse uma parteira que comentou no relato de Diana.

Ela deixou seu depoimento porque justamente enquanto eu escrevia este livro o direito ao aborto foi revogado em vários estados dos Estados Unidos.


Aborto no Brasil

No dia dos namorados de 2024 as brasileiras receberam um indigesto presente: retroceder 84 anos no que diz respeito aos direitos humanos femininos. Essa foi uma ação proposta pela bancada evangélica do Congresso Nacional visando equiparar o aborto à prática de homicídio simples, ainda que em casos de estupro. Entenda melhor:


Em 1940 foi instaurada a lei 2.848/40 garantindo o aborto às vítimas de violência sexual. Essa lei indica a pena prevista de 3 a 10 anos para mulheres que abortam e 1 a 4 anos para aqueles que ajudam essas mulheres a cometerem esse crime. Também aborda que em casos de estupro, anencefalia, inviabilidade fetal e risco de vida, a prática está permitida. Isso afirma que direito das vítimas é garantido por lei e vai de encontro com os direitos das mulheres perante o próprio corpo.

Mas “a cadela do fascismo está sempre no cio” como falava o dramaturgo e poeta Bertold Brecht. Indo ao encontro com essa icônica frase, o deputado Sóstenes Cavalcante, do Partido Liberal (PL-RJ), criou no dia 17 de maio de 2024 um projeto de lei que equipara o aborto após 22 semanas ao crime de homicídio simples, mesmo em situações de estupro. Com isso, a mulher que aborta poderá ser penalizada com reclusão de até 20 anos.

O que deixa o PL 1904/24 ainda mais interessante é que ele fará com que a vítima sofra uma penalidade maior do que seu próprio algoz, uma vez que a pena atual para crime de estupro é de no máximo quinze anos. O autor admite que teve dois propósitos bem definidos com esse projeto: evitar que o aborto seja estendido até o nono mês de gestação e “testar” se o presidente Luis Inácio Lula da Silva cumprirá seu acordo de não barrar propostas que possuem pautas morais como religião ou aborto. Ou seja, utilizar o corpo da mulher como manobra política para incomodar seus adversários e, não se pode ignorar, como moeda de troca para agradar seu eleitorado conservador. 

Cavalcante, e os políticos que apoiam esse projeto de lei, indicam que 22 semanas (cerca de cinco meses) seriam o suficiente para uma vítima de estupro decidir interromper a gravidez. Porém, eles ignoram os seguintes dados:

1)    No Brasil, uma mulher é estuprada a cada 8 minutos (Agência Brasil, 2024).

2)    Por dia, 38 meninas de até 14 anos dão à luz no Brasil (Agência Brasil, 2024).

3)    As maiores vítimas de violência sexual são meninas de 14 anos. Costumam ser violentadas por parentes que moram ou frequentam suas casas (Agência Brasil, 2024).

4)    Muitas vezes ocorre falta de reconhecimento de gestação no próprio corpo. Principalmente entre meninas de 11 à 14 anos que tiveram poucos ciclos menstruais e ainda estão em fase de regulação hormonal. Quando a vítima percebe, pode estar com a gravidez avançada (Globo, 2024).

5)    Centros prestadores de serviço nos casos de aborto legal estão sendo fechados pouco a pouco. Em São Paulo, o Hospital Vila Nova Cachoeirinha, uma das principais referências em casos de legal, foi fechado alegando “falta de demanda”. O acesso, que já era escasso, se tornou mais ainda (Globo, 2024).

  

Interessante perceber que os defensores não fizeram nenhuma menção sobre penas mais duras para estupradores, criação e fortalecimento de mecanismos de escutas para vítimas de violência sexual, maior agilidade na defesa de direitos para quem sofreu estupro ou educação cultural ativa para combater a cultura da violência sexual que permeia a sociedade brasileira. 

Se o PL 1904/24 incomoda muita gente, Arthur Lira vem incomodando muito mais. No dia 12 de junho de 2024, sem possibilitar qualquer manifestação contrária, o presidente da Câmara aprovou em apenas 23 segundos a urgência para votação desse polêmico projeto. Tempo recorde para cercear direitos civilizatórios básicos conquistados pelas mulheres. É de se concordar que Lira conquistou um marco.

Agora o momento é de urgência, uma vez que o projeto de lei será votado no plenário sem passar antes por comissões adversárias que poderiam o barrar. Levando em consideração que a maioria dos parlamentares conservadores apoiam essa ideia absurda, resta as mulheres brasileiras protestarem e utilizarem todas as ferramentas possíveis para impedir que isso passe de projeto para lei de fato.


Os Estados Unidos e o Brasil não são os únicos países que colocam fetos e embriões acima da vida de mulheres. O casal Andrea Prudente e seu parceiro, Jay Weeldreyer estavam felizes ao saberem de sua gravidez. Para celebrar, eles foram fazer uma viagem para Malta. Infelizmente,

Andrea sofreu um aborto espontâneo, porém o bebê não saía naturalmente. Os médicos negaram o procedimento abortista em Andrea e ela quase faleceu.

“Os médicos negaram a uma mulher americana de férias em Malta um aborto potencialmente salvador, apesar de dizerem que seu bebê tinha “chance zero” de sobrevivência depois que ela foi internada no hospital com sangramento grave em sua 16a semana de gravidez.

Apesar de um “risco extremo” de hemorragia e infecção, médicos do hospital Mater Dei em Msida disseram a Andrea Prudente que não realizariam uma interrupção por causa da proibição total do aborto no país.

Prudente e seu marido estão buscando uma transferência médica de Malta, que o casal diz ser sua única opção devido ao risco de vida dela. Eles alegam que a equipe médica não cooperou em suas tentativas de sair e compartilhar registros médicos com a companhia de seguros do casal.

“Eu só quero sair daqui viva, disse Prudente ao Guardian de seu quarto de hospital na capital de Malta, Valletta. “Eu não poderia em meus sonhos mais loucos ter pensado em um pesadelo como este.”

Ativistas em Malta dizem que o caso tem ecos alarmantes do tratamento de Savita Halappanavar, que morreu de sepse em um hospital irlandês em 2012 depois que os médicos recusaram um pedido para interromper sua gravidez quando ela começou a abortar às 17 semanas, devido à proibição do aborto que estava então em vigor na Irlanda”2.”


Sem direitos, sem sexo

Muitas mulheres estão postando em suas redes sociais que estão determinadas a não terem mais sexo heterossexual com homens cisgêneros. Estão propondo abstinência sexual até mesmo com seus esposos. Isto porque nenhum anticoncepcional é realmente 100% efetivo contra a gravidez. Mulheres não querem arriscar suas vidas com uma gravidez potencialmente perigosa e/ou indesejada.

O Movimento 4B na Coreia do Sul é um fenômeno social no qual mulheres optam por evitar relacionamentos com homens e se distanciar de diversas formas de interação heterossexual. Esse movimento é composto por quatro principais recusas, cada uma representada por um "B" que vem do termo coreano "bi," que significa "não":

  1. Bihon (비혼): Recusa ao casamento.

  2. Bichulsan (비출산): Recusa à maternidade.

  3. Biyeonae (비연애): Recusa ao namoro.

  4. Bisekseu (비스섹스): Recusa a relações sexuais heterossexuais.

As mulheres que aderem ao movimento relatam sentir um grande alívio ao se libertarem das expectativas sociais tradicionais que muitas vezes impõem o casamento e a maternidade como caminhos inevitáveis. Esse movimento pode ser visto como uma resposta à desigualdade de gênero persistente e às pressões patriarcais que limitam a autonomia das mulheres (Mega Curioso) (The world news platform) .

Uma das principais motivações para esse movimento é a busca por uma vida mais equilibrada e independente, sem as obrigações e responsabilidades adicionais que muitas vezes recaem sobre as mulheres em contextos de casamento e maternidade. O movimento 4B também se insere em um contexto mais amplo de crescente participação feminina no mercado de trabalho e na educação superior, o que tem mudado a percepção das mulheres sobre suas próprias possibilidades de vida e desenvolvimento pessoal (Mega Curioso) .

A taxa de fertilidade na Coreia do Sul caiu drasticamente, em parte devido a essas novas escolhas, refletindo uma mudança cultural significativa. As mulheres estão cada vez mais priorizando suas carreiras e desenvolvimento pessoal, e o movimento 4B é uma manifestação clara dessa tendência (Mega Curioso) .

Essa mudança tem chamado a atenção do governo devido aos potenciais impactos demográficos, mas para as mulheres que participam do movimento, trata-se de uma questão de autonomia e de redefinição de seus próprios papéis na sociedade (The world news platform) .


Por que querem proibir o aborto e estimular a maternidade


A discussão sobre a proibição do aborto e a promoção da maternidade está profundamente enraizada em questões econômicas e demográficas. A razão principal para essas políticas é a preocupação com o envelhecimento populacional e suas consequências para a economia e a sociedade. Sem um número adequado de nascimentos, uma nação enfrenta diversos desafios que afetam sua sustentabilidade e crescimento.

Uma população jovem é essencial para manter uma força de trabalho robusta. Trabalhadores jovens contribuem para a economia através de sua produtividade e inovação. À medida que a população envelhece e as taxas de natalidade diminuem, há menos pessoas entrando no mercado de trabalho, o que pode resultar em escassez de mão de obra e impactar negativamente o crescimento econômico.

Em países onde o serviço militar é obrigatório ou onde há uma necessidade de manter forças armadas significativas, uma população jovem é crucial. Sem um número suficiente de jovens para servir no exército, a segurança nacional pode ser comprometida. A disponibilidade de uma população jovem para o serviço militar é uma questão estratégica para muitos países.

Os trabalhadores jovens não apenas produzem bens e serviços, mas também pagam impostos que sustentam as finanças públicas. Com uma população envelhecida, há menos contribuintes para suportar o peso dos gastos públicos, especialmente os relacionados à saúde e à previdência social. Isso pode levar a um déficit fiscal crescente e a uma pressão sobre os recursos públicos.

Uma população jovem e em crescimento é vital para a demanda de consumo. Jovens tendem a gastar mais em bens e serviços, impulsionando a economia. Com uma população envelhecida, o consumo diminui, o que pode levar a um crescimento econômico mais lento. Empresas dependem de uma base de consumidores ampla e ativa para prosperar, e um declínio na população jovem pode afetar negativamente muitos setores da economia.

O envelhecimento da população coloca uma pressão significativa sobre os sistemas de saúde e previdência. À medida que a população envelhece, aumenta a demanda por cuidados de saúde e benefícios de aposentadoria, o que pode ser insustentável sem uma base ampla de jovens trabalhadores para suportar esses custos. Além disso, uma população predominantemente idosa pode significar uma sociedade menos dinâmica e inovadora.


Consequências espirituais

É muito provável que o tema aborto seja o mais complicado de comentar quando falamos sobre espiritualidade. Existe a crença de que aborto é assassinato e que sua prática poderia causar laços kármicos severos entre a mãe e a alma que supostamente habitaria o embrião.

Esta crença vem predominante do cristianismo e do kardecismo, que nada mais é que cristianismo com fantasmas e reencarnação. Eu respeito todas as crenças e sou pró-escolha, ou seja, se você jamais abortaria por motivos religiosos, esta é a sua prerrogativa. O problema é quando a sua opinião religiosa se transforma em lei.

Como bruxa, eu venero as minhas ancestrais e a história da bruxaria. Bruxas sempre foram doulas tanto da vida quanto da morte. Como mulheres sábias, elas atuavam tanto quanto parteiras quanto como abortistas.

A crença mais comum na espiritualidade não-cristã entende que uma alma não é capaz de habitar um embrião justamente porque ele ainda está em formação.

Noutras palavras, o embrião precisa se preparar para receber a alma. A alma pode sim, fazer testes e ajustes, em especial quando o embrião está favorável para recebê-la. A alma pode visitar a mãe na sua barriga.

Porém, de maneira geral, a alma apenas se conecta 100% ao embrião após a primeira “respirada”. Isto explica por que o nosso mapa astral é feito com a data e a hora exata do nosso nascimento e não na data ou hora exata do momento em que fomos concebidos.

É por isto que meu aniversário é dia 14/09/1990 e não dia 24/12/1989, que foi o dia no qual eu fui concebida. A espiritualidade entende que uma gravidez é um momento de muita fragilidade.

Veja o que diz o artigo What are the average miscarriage rates by week?” que eu traduzi do inglês para que possamos conversar melhor sobre a fragilidade da gravidez neste momento:

“A maioria das perdas na gravidez se deve a fatores que a pessoa não pode

controlar. No início da gravidez, problemas genéticos são uma das principais causas de aborto espontâneo. Cerca de 80% das perdas de gravidez ocorrem durante o primeiro trimestre, que é entre 0 e 13 semanas.

Embora a perda seja muitas vezes devastadora, esses problemas genéticos significam que o bebê não poderia ter sobrevivido fora do útero. Mesmo que uma pessoa tenha esse tipo de perda de gravidez, geralmente é capaz de ter uma gravidez saudável no futuro.

Os fetos são mais vulneráveis no início do desenvolvimento, então outros fatores – como a exposição ao álcool – podem ter os efeitos mais prejudiciais neste momento. É por isso que a maioria dos abortos ocorre no início da gravidez.

À medida que o feto fica mais forte, pode ser menos vulnerável a danos. Além disso, as pessoas podem mudar quaisquer hábitos de vida potencialmente prejudiciais que tenham quando souberem que estão grávidas.

Uma estimativa geral do risco de aborto por semana é a seguinte.

Semanas 3-4

A implantação geralmente ocorre cerca de 3 semanas após o último período de uma pessoa e cerca de uma semana após a ovulação. Na semana 4, elas podem obter um resultado positivo em um teste de gravidez caseiro.

Cerca de 50 a 75% das gestações terminam antes de obter um resultado positivo em um teste de gravidez. A maioria das pessoas nunca saberá que esteve grávida, embora algumas possam suspeitar que estavam por causa dos sintomas de perda de gravidez.

Semana 5

A taxa de aborto neste momento varia significativamente. Um estudo de 2013 descobriu que a chance geral de perder uma gravidez após a semana 5 é de 21,3%.

Semanas 6-7

O mesmo estudo sugeriu que após a 6a semana, a taxa de perda cai para 5%. Na maioria dos casos, é possível detectar um batimento cardíaco em um ultrassom por volta da semana 6.

Semanas 8-13

Na segunda metade do primeiro trimestre, a taxa de aborto parece ser de 2 a 4%.

Semanas 14-20

Entre as semanas 14 e 20, a chance de sofrer um aborto espontâneo é inferior a 1%.

Na semana 20, uma perda de gravidez é conhecida como natimorto, e isso pode fazer com que uma pessoa entre em trabalho de parto.

A natimortalidade é relativamente rara e está ficando cada vez mais rara porque bebês muito jovens podem sobreviver fora do útero graças à tecnologia moderna.

De acordo com um grupo de pesquisa sediado no Reino Unido, há uma chance mínima de que um bebê nascido com 22 semanas sobreviva. Essa chance aumenta a cada semana.

Vou experimentar uma perda de gravidez?Um estudo de 2012 analisou a chance geral de perda de gravidez durante o primeiro e segundo trimestres e descobriu que estava entre 11 e 22% nas semanas 5 a 20. Outras pesquisas colocam a porcentagem em torno de 10 a 15%.

Essas estatísticas sugerem que a chance de gravidez varia de pessoa para pessoa, dependendo de vários fatores, incluindo idade e saúde geral”3.

Resumindo, a gravidez é extremamente frágil durante o primeiro trimestre. Muitas mulheres ficam

grávidas e sequer ficam cientes disto, pois o próprio corpo elimina o embrião sem que elas percebam.

Repito: um embrião em formação não é capaz de receber a complexidade de uma alma, em especial nos três primeiros meses.

A perda de uma gravidez é devastadora na vida de uma mulher, seja ela natural ou causada, porém não é possível chamá-la de assassina por conta disto. O embrião é a potência de uma vida, não uma vida em si.

Vou explicar melhor. Imagine que você esteja num prédio pegando fogo. Você só tem a possibilidade de salvar duas crianças, uma de um ano e outra de três. Ou então a possibilidade de salvar uma criança e uma maleta com mil embriões congelados, supondo que uma maleta pudesse conter este número sem matá-los. Você deixaria uma criança nascida de lado para salvar a maleta com mil embriões? Se sim, você está completamente errado, pois muitos desses embriões sequer vingariam durante uma tentativa de gravidez. A criança nascida, no entanto, já é uma vida completa e complexa. Ela já está de fato vida e respirando.

Portanto, a solução neste caso seria salvar as duas crianças e deixar os mil embriões de lado.

De acordo com o site Genetics and Society 4 1,7 milhão de embriões humanos criados para fertilização in vitro foram jogados fora, ou seja, quase metade dos embriões criados para auxiliar mulheres a engravidar são jogados fora durante ou após o processo.

Isto não é considerado assassinato porque não estamos falando de vidas, mas sim de vidas em potencial. Há uma enorme diferença.

No entanto, conservadores e religiosos fundamentalistas adorariam fechar laboratórios que procuram ajudar mulheres a engravidarem. Eles também adorariam criminalizar mulheres até mesmo por aborto espontâneo. Existem diversos tratamentos médicos emergenciais que são performados fazendo um aborto.


Conclusão

O aborto precisa ser uma decisão entre a mulher e seu médico porque é uma questão de saúde pública. Seja qualquer for o motivo para a mãe querer abortar: financeiro, psicológico, etc, esta é uma decisão da mulher. Por exemplo, mulheres que fazem tratamentos psiquiátricos severos muitas vezes não podem tomar certos medicamentos durante a gravidez. Ter que se livrar de tais tratamentos pode ter consequências gravíssimas na vida destas mulheres. Elas não estão preparadas para receber as crianças e não teriam como educá-las propriamente enquanto sofrem com crises brutais. Muitas mulheres norte-americanas que se encaixam nesta situação estão com medo de engravidarem, pois teriam que passar a gravidez internadas em hospitais psiquiátricos.

A gestação não é fácil para uma mulher: há uma série de questões a serem consideradas, incluindo biológicas, financeiras e psicológicas. Com a criminalização do aborto, mulheres se tornam vítimas de parceiros violentos que não queriam filhos, sendo muitas vezes mortas por eles. Uma série de complicações que podem ocorrer durante a gravidez e após o parto e que mudam completamente a vida de uma mulher.

Filhos de gravidez indesejada nascem em lares completamente desajustados, muitas vezes sem perspectiva de mudança de vida, de amor ou de crescimento, aumentando assim a violência e a desigualdade social.

A explicação para a criminalização do aborto é puramente econômica, porém respaldada pela moral religiosa. A estatística aponta um declínio muito forte na natalidade. Menos crianças significa menos trabalhadores para alimentar o sistema financeiro, que precisa de mão de obra barata para lucrar.

Quando você dificulta o planejamento familiar de mulheres, especialmente as mais pobres e que não têm acesso a clínicas clandestinas, você força que elas continuem vivendo de salário em salário, aceitando assim qualquer tipo de trabalho para que possam sobreviver e sustentar seus filhos.

A ideia é evitar uma nova resignação coletiva no

futuro, afinal, quem tem dependentes não pode escolher.

Tudo isto para que o pobre continue pobre, e o rico, com todo acesso à saúde pública, continue tendo o poder de escolha e de planejamento familiar.



Referências:

INSTITUIÇÕES temem mais casos de gravidez em meninas com PL do aborto. Agência Brasil, 15 jun. 2024. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2024-06/instituicoes-temem-mais-casos-de-gravidez-em-meninas-com-pl-do-aborto. Acesso em: 15 jun. 2024.

ABORTO legal: medidas tornam acesso ao procedimento cada vez mais difícil no Brasil. O Globo, 19 maio 2024. Disponível em: https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2024/05/19/aborto-legal-medidas-tornam-acesso-ao-procedimento-cada-vez-mais-dificil-no-brasil.ghtml. Acesso em: 15 jun. 2024.


 https://www.washingtonpost.com/world/woman-who-had- miscarriage-in-malta-taken-to-spain-to-abort/2022/06/24/c05ed13c- f3be-11ec-ac16-8fbf7194cd78_story.html


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