A iniciação, o marco de entrada do ser renascido para uma nova vida, coroado e divinizado pela egrégora dos que o cercam, é motivo de jubilo, de votos de sucesso e de trabalho, de luta por sua evolução e autoconhecimento, afirmação de si perante a divindade suprema. Motivos divididos pelos que foram acolhidos como irmãos, como iguais, indiferente das diferenças, papéis e subtrações impostos socialmente. Não é apenas o grupo que acolhe o iniciado, é uma troca, um diálogo de ideias, de forças, por um bem comum maior.
Sejam os do esquadro e compasso, da rosa e da cruz, dos símbolos da natureza, ou dos buscadores solitários, somos todos artistas, moldando a realidade perante nossa vontade, buscando o Éden em nossos próprios jardins, fazendo de nós, assim, a síntese de todo o macrocosmo em nossos corpos profanos, veículos da luz divina que é nossa alma, centelhas do princípio criativo superior.
Somos um só, um princípio e uma alma, uma mesma energia que se propaga e se manifesta das mais variadas formas, com o mesmo papel: evoluir, elevar-nos ao nosso verdadeiro lugar, independente da negatividade, intempéries e desafios, nossos fardos enquanto divindades em treinamento.
Apenas ao morrer aprendemos a viver, e simbolicamente a iniciação representa isso: a morte de uma vida profana, para o renascimento em uma nova vida, buscando novos horizontes, novos caminhos, deixando de lado o ego e nosso lado mais animal, afastando-nos da besta, compreendendo nossa verdadeira parte e aproximando-nos do divino, descobrindo nossa própria centelha, tornando-nos estrelas iluminando o caminho dos justos.
A iniciação representa uma quebra, um rompimento, uma mudança à nível espiritual, e que sua vida a partir desse momento jamais voltará a ser o que era. É ver o mundo com outros olhos, ser alguém melhor, diferente do que se era, é deixar velhos vícios e buscar novas virtudes. Uma iniciação onde não há essa ruptura é no máximo simbólica, e pouco muda na vida do dito iniciado, sendo apenas simbólico. O rito de passagem, a Iniciação, deve conter esse corte, essa ruptura, e para que isso possa ocorrer o Iniciador deve conter o toque, mostrar-se merecedor e possuidor da linhagem à qual o novo candidato está para ingressar.
E sempre há mortes e renascimentos. Sempre há a noite escura da alma e o alvorecer dourado.