[Papo Transformador] [6 e 7 - Da ambição, da ganância e da ganância exacerbada] [Tarô da Transformação]
Oi meus amores! Tudo bem? Tio Pi aqui!
Hoje é texto de n°. 06 e 07 de 60 da série reflexiva que quero deixar aqui, baseada no Tarô da Transformação. Texto que não impõe, não critica, apenas dialoga com vocês, da forma como isto ressoar em vocês. E se conseguir criar um ponto de conexão, de relaxamento, de contemplação ou mesmo de transformação, cumpri meu objetivo.
Hoje, refletiremos sobre aspectos das implicações da ambição e da ganância exacerbada e, sobretudo sobre ir além dessa ganância. Diz o tarô:
"Sempre que as pessoas ficam muito gananciosas, elas se tornam mais apressadas e encontram outros meios de fazer as coisas mais rápido. Estão sempre correndo de um lado para outro, pois acham que a vida está se esvaindo. São estas as pessoas que dizem 'tempo é dinheiro'. Tempo não é dinheiro, tempo é eternidade - sempre existiu e sempre existirá. E você sempre esteve aqui e sempre estará. Por isso esqueça a ganância e não se preocupe com o resultado. Às vezes, por conta da sua impaciência, você perde muitas coisas" (Osho, 2019: 40)
Em seguida, o tarô nos conta sobre uma antiga deidade que andava pela terra fantasiado de ser humano, como se fosse um ser humano comum vivendo entre mortais. Caminhando, encontrou dois homens, que estavam bem perto da estrada. Um estava amontoado de livros, outro dançava embaixo de uma árvore.
A entidade parou em frente ao homem dos livros, para ouvir e observar. Perguntou a ele o que ele fazia. Ele resmungou bastante irritado que não queria ser incomodado, pois estava ali fazendo todo o possível para se iluminar. Que ele estudava dia e noite e a iluminação não chegava nunca.
Que ele se dedicava o dia todo, toda hora, cada minuto do seu dia, pois ambicionava - literalmente tinha a ambição desmedida - de se iluminar nessa vida e não precisar voltar nunca mais. Havia no passado dele muito sofrimento, dor e decepção, portanto, o melhor caminho na opinião dele era seguir fixamente para encontrar a iluminação logo. Ele não via o sol, não aproveitava o dia, não se divertia, não vivia, apenas trabalhava 12h por dia para que, finalmente, os céus reconhecessem seu valor e ele simplesmente não precisar caminhar entre os daqui.
A entidade revelou a ele ser, na verdade, uma deidade, propondo falar com ele sobre as feridas que ele tinha, ajudar ele a se curar, para que ele fosse mais feliz e não precisasse correr tanto. Mas ele ignorou solenemente a ajuda, e, reconhecendo nela uma divindade, pediu que ela fosse aos céus perguntar para quem comanda tudo isso quanto tempo faltava para ele se iluminar finalmente, quantas reencarnações ainda teria.
Então, atendendo ao pedido do homem, a entidade subiu aos céus e descobriu que ele ainda teria que voltar mais 5 ou 6 vezes para aprender tudo o que faltava. Curiosa, resolveu perguntar sobre quantas encarnações o homem que estava dançando sem parar embaixo da árvore ainda teria. E recebeu a resposta de que "o número era igual às tantas vezes quanto fossem as folhas da árvore embaixo da qual ele estava dançando".
Voltando para a Terra, foi ter com o homem ganancioso pela iluminação. E disse a ele que ele ainda teria mais 5 ou 6 reencarnações antes de se iluminar. O homem, furioso, chutou seus livros. Rasgou suas anotações e, espumando de raiva, gritava aos ventos. Que ele queria se iluminar e agora! E como uma criança, disse que ia abandonar tudo isso pois os céus jamais lhe ouviram! Eram ingratos, egoístas e muito cruéis. E assim despediu-se com fúria, perdendo ali a chance de se curar.
A entidade foi até o outro homem, aquele que dançava embaixo da árvore, e disse a ele que era uma deidade, e que perguntou aos céus quanto tempo ele ainda teria de vidas na Terra. E que a resposta tinha sido "o número era igual às tantas vezes quanto fossem as folhas da árvore embaixo da qual ele estava dançando".
O homem da árvore, então, dançou com ainda mais alegria! Ainda rindo mais e mais, dançando ainda mais gostosamente. Curiosa, a entidade questionou o motivo de ele estar tão feliz.
O homem da árvore, sem parar de dançar, disse que estava contente. Se lhe faltava apenas os anos correspondentes às folhas daquela árvore, ele não poderia estar mais contente. Em um mundo cheio de florestas, parques, matas, faltar apenas as folhas de uma árvore era uma alegria. E no canto do olhar do homem dançando havia ainda um pouco de pena, pois era tão boa a vida e era tão bom dançar que somente as folhas de uma árvore pareciam pouco. Ia passar tão rápido! Então, ele ia dançar ainda mais!
E com isso, o homem ambicioso perdeu ainda mais tempo no seu caminho. E com isso, o homem que dançava embaixo da árvore avançou tão rápido no seu caminho.
Estamos falando, portanto, sobre um assunto muito delicado.
Nosso mundo é material, não moramos em uma cidade astral, aqui as coisas se pagam com dinheiro. Há sim concentração de renda. há sim domínio de uma elite que nos explora e não faz merda nenhuma além de receber herança e explorar trabalhador. E não temos que nos calar de forma alguma com este sistema. E temos sim que ter nossa cota de ambição, daquela benéfica que não sai atropelando os outros em nosso caminho, nem abre mão de princípios universais e éticos para enriquecer às custas do sofrimento do outro. Portanto, não é nem um pouco errado lutar para termos uma boa vida, enquanto não conseguimos lutar para mudar o sistema que vivemos. Ao mesmo tempo, viver de forma gananciosa, não permitindo viver a vida, curtir a vida da forma como puder, também não pode - e não deve - ser aceito.
Claro que cada rotina é uma rotina. Tem gente que acorda 4 da manhã e trabalha o dia inteiro para sustentar os filhos, não tendo tempo para nada. Eu mesmo já tive por anos e anos uma rotina assim, de acordar de madrugada e trabalhar mais de 12h por dia. Mas, veja, o que nos nutria não era a ganância desmedida, mas uma condição de subsistência, a necessidade, a opressão, o amor pelos filhos, etc. E lutar para que no futuro a nossa vida seja mais calma e digna, tendo o mesmo direito ao acesso ao lazer e descanso que todo ser humano merece.
Agora, se houver qualquer possibilidade de calma e se seu sustento permite um pouco de paz ou de tempo, não abra mão disso.
Pois, no fim das contas, temos relacionamento mais íntimo com algo que jamais conseguiremos escapar em vida material na terra que é o tempo.
Tempo não é dinheiro. Dinheiro é finito. Dinheiro é emitido em certa quantidade e é limitado, mal distribuído, muito para um e pouco para outro. E, mesmo se houvesse uma distribuição mais justa, dinheiro continua sendo um bem finito. O tempo na sua vida aqui, nessa encarnação, também. Desde que nascemos, a ampulheta gira e as areias do tempo correm. Mas o tempo é eterno, e existe desde a criação do que conhecemos. E possivelmente continuará existindo. E existiu antes da gente.
Essa relação entre o que é finito ou não aqui ou fora daqui nos faz pensar sobre algumas prioridades que temos na nossa vida material, e outras que temos na nossa vida como espírito que um dia vai embora. Todo mundo morre, todo mundo vai morrer. Tudo nasce e morre, coisas aparecem e vão embora, nos encontramos e nos despedimos. E dentro desse movimento que nutre a nossa encarnação, A ganância exacerbada - não a ambição que nos move para frente, mas a ganância exacerbada que vem do nosso ego inflado - dentro do ponto de vista é uma perda de tempo e acaba atrasando tudo ainda mais um pouco.
Talvez estas reflexões sejam exemplos de pensamentos que podem guiar suas metas e auxiliem você a encontrar um novo caminho.
Texto/imagem autorais. Todos os direitos reservados.
Bibliografia: Osho (2019) Osho: tarô da transformação. SP: Cultrix.
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Para quem quiser uma consulta de tarô comigo, só enviar inbox no meu face (facebook.com/pierrerinco) que a gente faz sua vida andar!
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Ressalto aqui que não estou fazendo apologia a figura de Osho, extremamente polêmica e controversa, com vários relatos de abusos e fraudes registrados nos noticiários, tampouco estou me propondo a dar aula de Budismo, ou de Tao, ou de qualquer linha que seja. Este texto é apenas um gancho para estudarmos o oráculo e refletir sobre nossa própria vida, trazendo este contexto para a prática do magista e da bruxa. Ressalto, finalmente, que estou me atendo unicamente à mancia criada, chamada de Tarô da Transformação, que é sim um instrumento incrível de reflexão, tirando dele o que podemos e transformando seu contexto em algo saudável aqui para vocês, afastando-o de quem emprestou comercialmente seu nome ao mesmo.
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Amo vocês! Beijos do Tio Pi