[Papo Transformador] [5 - O Acidente Supremo] [Tarô da Transformação]
Oi meus amores! Tudo bem?
Tio Pi aqui!
Hoje é texto de n°. 05 de 60 da série reflexiva que quero deixar aqui, baseada no Tarô da Transformação. Texto que não impõe, não critica, apenas dialoga com vocês, da forma como isto ressoar em vocês. E se conseguir criar um ponto de conexão, de relaxamento, de contemplação ou mesmo de transformação, cumpri meu objetivo.
Hoje, refletiremos sobre aspectos do acidente supremo que leva à iluminação. Diz o tarô:
"Não é uma determinada sequência de causas que leva à iluminação. Sua busca, seu intenso desejo, sua disposição para fazer o que for preciso - tudo isso talvez crie uma certa aura ao seu redor que torne esse grande acidente possível." (Osho, 2019: 37)
O tarô conta a história de uma mulher que tinha o sonho de se tornar monja, de vivenciar sua espiritualidade, de desenvolver-se enquanto conexão com suas vivências místicas. De que ela foi capaz de tudo, de anular a própria beleza física e sua própria exuberância para viver de uma forma na qual sua ambição, seu ego e seus desejos não influenciassem seu caminho.
E, depois de muito esforço anulando seus excessos, finalmente, foi aceita por uma ordem religiosa. E ela trabalhava noite e dia buscando a iluminação. Jejum, oração, meditação. E cuidava dos afazeres do local, fazia caridade, estudava... e o ciclo se repetia todo dia, todo dia e todo dia.
Anos se passaram. Claro que ela adquiriu conhecimento, conhecimento precioso. Claro que ela havia evoluído. Mas tinha uma essência divina que ela ainda não compreendia. Parecia que ela estava circulando a essência daquilo que buscava, sem conseguir tocá-la jamais, como algo inacessível.
Até que chegou uma fatídica noite, regada à insônia, na qual uma inquietação cresceu dentro dela. Ela já havia feito toda a sua rotina de oração e estudo, não havia mais nenhuma tarefa a se fazer. Incomodada, resolveu arranjar serviço para si mesma: iria esfregar o chão do salão principal em que esta ordem religiosa fazia os rituais. Quem nunca né amores? Que numa crise de insônia quis bater um cimento e fazer uma mini reforma em casa, pintar uma parede, sair sambando na salgueiro às 4h da manhã? Pois essa mulher era uma dessas.
E pegou o seu mop (sim, ela era moderna rs mop é vida) mas viu que o reservatório estava vazio de água. Como aquele lugar era uó e não tinha água encanada, foi encher o reservatório no rio. O bom é que a noite estava linda, a lua cheia estava muito plena no céu, o cenário era realmente encantador, no entanto, ela, atarefada e compenetrada em cumprir com sua tarefa, não se deu ao trabalho de olhar para cima.
Ela colocou o balde do mop no rio, colheu a água e então viu a lua refletida na água do balde. A cena foi tão bonita que ela se perdeu no reflexo da lua, deixando o balde cair, derramando toda a água que havia ali dentro. Pegou o balde em suas mãos e ele estava vazio, e a lua, portanto, não estava mais ali dentro refletida no balde de novo. Foi um grande acidente supremo para ela.
Este foi o evento que a faz acordar para algo que trouxe uma centelha e sentido para os anos de dedicação, prática e estudo espirituais que ela teve: ela estava tão triste que a água havia se derramado do balde, tendo perdido o reflexo da lua, que se esqueceu que a lua estava acima dela, bastava olhar para o céu. Ela ficou tão encantada com o que viu de sagrado dentro do balde que esqueceu-se que a mesma lua estava no céu por todos estes dias – ela nem lembrava a última vez em que olhou para o céu.
Tudo é reflexo, tudo é projeção, tudo é emulação, tudo é ilusão. O que era sagrado para ela, no balde, era apenas o cérebro dela vendo o que era sagrado fora dela. Entendendo isto, ela também pode entender melhor aquilo que ela estudava, aquilo que ela vivia, aquilo que ela fazia para ser uma pessoa iluminada.
Esta historinha traz à tona questões que são muito importantes para um mago e uma bruxa. Sobre, claro, a importância da dedicação, da rotina de preparo, da eliminação do excesso e do espetáculo espiritual, afinal de contas, se a monja não tivesse feito isto, não estaria pronta para o acidente supremo que finalmente trouxe a verdadeira iluminação.
Ao mesmo tempo, ressalta a importância de entendermos que, mesmo fazendo aquilo que é necessário, que a verdadeira iluminação e sabedoria não se encontra no reflexo do divino dentro de baldes, ou seja, não será seu guru quem vai lhe dar, nem um certificado, nem um livro. Ouço no meio místico muita gente que se porta como iluminada, como se já ouvesse transcendido, como se estivesse apenas esperando o desencarne para ir para a colônia espiritual elevadíssima que é onde claramente essa pessoa perfeita pertence. E, gente, isto é a mais pura ilusão do ego. É gente prisioneiro de si mesmo. Não caiam nessa.
Fujam, portanto, daqueles que querem vender a iluminação para vocês, daqueles que prometem contar sua vida passada e com isto você entenderá tudo, que farão um milagre e você receberá tudo, e a partir de agora tudo fará sentido, e a dor vai embora, e tudo ficará bem. Oxalá quisesse que tudo fosse fácil assim, mas a verdade é que viver dá um baita trabalhão. Que estávamos frente à dilemas éticos e morais todos os dias. Que todo dia é um desafio para vencermos a tristeza e o desânimo, a exploração do capital, as nossas limitações, nossa pobreza e a miséria da nossa condição humana para tentarmos quem sabe com alguma sorte dar alguns passos rumo a uma vida melhor. E, certamente, não é a espiritualidade materialista que promete soluções fáceis quem dará isso para vocês.
Mas que isto, além da determinação, busca e esforço, depende de um exercício de livre arbítrio constante, ao mesmo tempo em que um certo vazio interno que se permite tocar pelo sagrado, ao invés de continuar buscando por ele dentro do reflexo da água em um cestinho de mop.
Talvez estas reflexões sejam exemplos de pensamentos que podem guiar suas metas e auxiliem você a encontrar um novo caminho.
Bibliografia:
Osho (2019) Osho: tarô da transformação. SP: Cultrix.
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Para quem quiser uma consulta de tarô comigo, só enviar inbox no face (facebook.com/pierrerinco) que a gente faz sua vida andar!
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Ressalto aqui que não estou fazendo apologia a figura de Osho, extremamente polêmica e controversa, com vários relatos de abusos e fraudes registrados nos noticiários, tampouco estou me propondo a dar aula de Budismo, ou de Tao, ou de qualquer linha que seja. Este texto é apenas um gancho para estudarmos o oráculo e refletir sobre nossa própria vida, trazendo este contexto para a prática do magista e da bruxa. Ressalto, finalmente, que estou me atendo unicamente à mancia criada, chamada de Tarô da Transformação, que é sim um instrumento incrível de reflexão, tirando dele o que podemos e transformando seu contexto em algo saudável aqui para vocês, afastando-o de quem emprestou comercialmente seu nome ao mesmo.
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Amo vocês!
Beijos do Tio Pi
Tio Pi! Amado, tão oportuno e cirúrgico! Você não sabe, mas eu te amo! Gratidão 🙏