[Papo Transformador] [3 - Iluminação] [Tarô da Transformação]
Oi meus amores! Tudo bem?
Hoje é texto de n°. 03 de 60 da série reflexiva que quero deixar aqui, baseada no Tarô da Transformação. Texto que não impõe, não critica, apenas dialoga com vocês, da forma como isto ressoar em vocês. E se conseguir criar um ponto de conexão, de relaxamento, de contemplação ou mesmo de transformação, cumpri meu objetivo.
Hoje, refletiremos sobre aspectos da Iluminação. Diz o tarô:
"Seja o que for que você faça, faça em um estado de profundamente alerta, deste modo, até as menores coisas se tornarão sagradas. Cozinhar e limpar se tornarão sagrados, se tornarão um culto. A questão não é o que você está fazendo, a questão é como está fazendo. Você pode limpar o chão como um robô, de um jeito mecânico, você tem que limpar, então você limpa. Mas assim você perde algo belíssimo. Limpar o chão poderia ser uma experiência, mas você a disperdiçou; o chão agora está limpo, mas algo que poderia ter acontecido dentro de você não aconteceu. Se estivesse alerta, consciente, não somente o chão, mas você mesmo teria passado por uma limpeza profunda. Limpe o chão repleto de consciência, com a percepção lúcida. Trabalhe, sente-se ou caminhe, mas a coisa tem que ser um fio contínuo, torne mais e mais momentos da sua vida luminosos e conscientes. Deixe que a chama da consciência brilhe a todo momento e a casa ato. O efeito cumulativo disso é a iluminação. O efeito cumilativo disso, de todos os momentos juntos, de todas as chamas juntas, torna-se uma grande fonte de luz." (Osho, 2019: 29-30)
Aqui, podemos refletir sobre os aspectos múltiplos e complexos da nossa experiência de iluminação na Terra e para esta reflexão o baralho apresenta para a gente a lenda, fictícia, de quando Buda morreu e ascendeu para os portões do céu.
Conta-se, nesta lenda, que Deus propriamente dito não existia, mas que quando uma pessoa iluminada chegava até os portões do céu tornava-se uma espécie de divindade. Era raríssimo alguma alma conseguir cruzar estes portões, que raramente se abriram ao longo dos séculos. E, aquele dia, algo muito especial aconteceria. Seria o dia da chegada de Buda aos portões do céu em função do seu desencarne!
Então, todas estas pessoas divinizadas que conseguiram entrar nos portões do céu o aguardaram na entrada destes portões pela chegada do Buda. Uma grade festa chegou ao redor da entrada dos portões, risos, danças, conversas animadas e uma grande expectativa para a chegada dele tomava o coração de todo mundo. Todos queriam esperar o momento de abraçar Buda, dando os parabéns pela sua jornada.
E eis que Buda finalmente chega nos portões do céu, no entanto, ignora as festividades, ficando de costas para estas pessoas, olhando para trás, para aqueles que ficaram na Terra. O fato de o Buda ficar de costas para os portões do céu, algo tão raro e desejado e difícil, era bastante desconcertante para a maioria. Este desconforto fez com que fossem até ele, perguntar a ele o que ele fazia de costas para os portões.
Buda disse a eles que estava esperando todo mundo que ficou para trás e que não conseguiu chegar até aquele local. Buda dizia que amava as pessoas que deixou na viagem, e que não pareceria justo que ele entrasse nos portões do céu sem que todo mundo que ele amava ficasse para trás. E, que como ele amou absolutamente todas as pessoas que encontrou pelo caminho, sabia que demoraria muito o tempo de cruzar os portões do céu.
Com uma expressão serena, disse, portanto que havia escolhido entrar por último ali. Que só cruzaria os portões do céu quando a última pessoa que ele havia amado, após todas as milhares de pessoas que ele havia conhecido, passassem por ali também. Havia sofrimento demais na Terra, e ele só conseguiria atravessar quando todos já o tivessem feito.
E isto iria demorar, e cada vez seria mais difícil ao Buda esperar, pois não é uma mera questão de escolha ficar fora dos portões do lado de lá. Portanto, sentou-se nas escadas em frente aos portões e ali aguardaria ansiosamente que todos conseguissem melhorar.
Pensamos sobre todas as oportunidades que temos de tirar algo das nossas vivências. Sobre o quanto não estamos inteiros em tudo o que fazemos. Visitamos nossas famílias e não saímos do telefone, vamos tomar café com nossas amigas e não prestamos atenção ao que elas dizem, passamos por ruas desconhecidas sem olhar a beleza ao redor. Muitas vezes perdemos tempo por não estarmos vivazmente onde estamos.
É importante, para isso, estarmos fixos no momento presente, viver profundamente aquilo que se esteja fazendo. Se estiver com sua família, esteja com sua família. Se estiver com seus amigos, esteja com seus amigos. Se estiver jantando, jante. Se estiver na cama pronta para descansar, descanse. É fundamental que a gente consiga se fixar na nossa ação presente, exercitando nosso pensamento unifocalizado nas coisas que fazemos. Ou não conseguiremos aproveitar nada, nem o café, nem o sono, nem a janta, nem a família. E a janta esfria, e o café esfria, e a noite passa, e as pessoas se despedem, e a gente fica com a sensação de que não viveu nada na jornada, pois simplesmente não estávamos ali.
Refletimos, portanto, sobre a capacidade de expandir nossas vivências no presente para que a gente consiga, se bem trabalhado, aproveitar mais do nosso tempo para cruzarmos com um atraso um pouquinho menor os portões do céu. Temos responsabilidades e somos causa e consequência do nosso entorno. Quem não se lembra daquele poema de Brecht, Intertexto?
"Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo."
Iluminar-se também é entender nosso papel no mundo. Se todos que amamos estão sofrendo, é muito mais difícil que você consigamos nos manter felizes sozinhos. Ninguém é uma ilha. De que adianta ser feliz sozinho? Claro que não estou fazendo uma apologia ao sofrimento ou um testamento contra a independência, claro que devemos cultivar uma barreira de proteção dentro da gente.
Ao mesmo tempo, estamos inseridos em um território, em um país, em um grupo de facebook, em um trabalho, em um relacionamento, em uma família, em uma vida que é social e multidiversa. Refiro-me à este papel que vai do indivíduo à sociedade, assumindo mais responsabilidades, eventualmente auxiliando, quando possível, quando conveniente, quando necessário, quando você sentir que deve, as pessoas que estão mais atrasadas neste caminho rumo aos portões do céu. No fundo, iluminar-se, entre outras coisas, também é fincar o pé no presente e assumir responsabilidades.
Finalmente, fica a dica para o magista que quer aprimorar suas técnicas, de estar presente 100% nos seus rituais, tenho a certeza absoluta que fez o seu melhor, o melhor que estava disponível para você com os recursos que você tinha, focando-se 100% no seu ritual. Deixe o celular, a preocupação com o crush, o pensamento sobre o que você irá jantar naquela noite, para outro momento. Ali, no ritual, sua atenção deve ser unifocalizada e plena. Isto também é parte do processo de iluminação do magista e garante maiores resultados mais sustentáveis, no fim das contas.
Fica a pergunta: você está conseguindo estar presente de corpo e alma nas situações que vive? Consegue ser plena quando um amigo ou seu namorado conta algo para você? A quanto tempo janta sem olhar seu celular? A quanto tempo não aprecia o céu na hora do seu almoço? A quanto tempo não aprecia o céu antes de dormir por mais de 5min em silêncio, pensando simplesmente na beleza do mesmo? Como se sente ao olhar ao seu redor - sente-se melhor ou pior que seu entorno? E quais impactos isso gera em você? Sente angústia em ver as pessoas ao seu redor não conseguindo caminhar? Aplica a mesma medida em você próprio quando olha para o espelho? E como se sentiu lendo este texto, grande e denso? Quantas vezes você se desviou da sua atenção plena nele enquanto o lia? Conseguiu chegar até o final tendo tido a paciência de entender o que estava sendo dito? Por onde anda sua paciência de ouvir uma história ou de ler um texto? Talvez estas reflexões sejam exemplos de pensamentos que podem guiar suas metas e auxiliem você a encontrar um novo caminho.
Bibliografia: Osho (2019) Osho: tarô da transformação. SP: Cultrix. ***** Para quem quiser uma consulta de tarô comigo, só enviar inbox que explico tudinho! ***** Texto autoral. Todos os direitos reservados. ***** Ressalto aqui que não estou fazendo apologia a figura de Osho, extremamente polêmica e controversa, com vários relatos de abusos e fraudes registrados nos noticiários. Ressalto que esta série de textos que estou produzindo com base no Tarô da Transformação não se propõe a dar aula de Budismo, ou de Tao, ou de qualquer linha que seja, sendo apenas um gancho para estudarmos este oráculo e refletir sobre nossa própria vida, trazendo este contexto para a prática do magista. Ressalto, finalmente, que estou me atendo unicamente à mancia criada, chamada de Tarô da Transformação, que é sim um instrumento incrível de reflexão, tirando dele o que podemos e transformando seu contexto em algo saudável aqui para vocês, afastando-o de quem emprestou seu nome ao mesmo. Ficamos com o que foi bom, o que possui algum valor. O resto, por favor, descartem. Que seja um instrumento de transformação pessoal, sim, porém consciente de que a pessoa que emprestou seu nome à mancia não merece, portanto, nossa admiração. ***** Amo vocês! Beijos do Tio Pi